domingo, 26 de fevereiro de 2012

Estresse infantil





Bons momentos para todos!

Gostaria de falar sobre um assunto que muitas vezes fica de lado não sendo levado a sério por muitos pais e educadores que é o estresse infantil. Digo que muitas vezes não levamos a sério, por confundi-lo com a birra, as reações malcriadas e mal educadas de nossas crianças, e que sugerem ser consequências de mimos e vontades, que vão adquirindo a partir de quando elas percebem nossas reações preocupadas em lhes satisfazer todos os desejos. Isso também acontece e muito, sendo um causador dessas reações "violentas" a qual gera as chamadas "chantagens infantis" que são aquelas, onde as crianças se jogam no chão, choram sem parar, muitas vezes longamente e sem lágrimas, mas, nos esquecemos de que, por trás desses mimos existem as nossas vontades prevalecendo em nossos pequenos de que eles precisam e "merecem" tudo que supostamente não tivemos, ou porquê não existiam, ou porquê eram outros tempos, ou porquê nossos pais não tinham mesmo condições de nos proporcionar. Ao mesmo tempo, "cobramos" inconscientemente ou não dos nossos pequenos muitas conquistas no campo educacional, social e emocional, pois pensamos nas disputas que terão na vida e no mercado de trabalho, o que eles precisarão conquistar para manter o que nós ensinamos a eles cobiçarem, ou seja, um consumismo exacerbado e um posto sacrificante para alimentar esse consumismo.
Tudo isso gera nos pequenos muita ansiedade e o chamado estresse infantil. Portanto, quem pensa que criança não tem estresse está enganado. A psiquiatria especializada conclui que a infância está sendo encurtada, "pois crianças e adolescentes, atualmente, imitam um modelo de comportamento adulto no modo de se vestir, dançar, agir, e algumas mudanças na vida de um menor podem, sim, levá-lo, ao chamado estresse infantil." Dessa forma, crises no campo emotivo ou financeiro, cobranças exageradas pelo sucesso escolar, disputa entre os familiares, e muita atividade são fatores que possibilitam uma reação físico-emocional, que têm como sintomas, choro abundante, insegurança, ansiedade, medo, agressividade, hiperatividade, isolamento, falta ou excesso de sono ou apetite, dores de cabeça ou de estômago, o chamado "xixi na cama" e outras reações.
  Por ser a doença um distúrbio de comportamento, seu tratamento se dá através da ajuda de um psicoterapeuta cognitivo-comportamental, direcionado não só à criança, mas a toda a família.     



   

 Não nos enganemos quanto aos muito pequeninos, os bebês também têm estresse quando suas mamães despreparadas e ansiosas transferem para eles todas as suas inseguranças, angústias, depressões pós-parto (que é séria e precisa ser acompanhada e tratada) e impaciência por si só, pois muitas vezes a questão de ser mamãe ou papai é uma vaidade que não aguenta o "tranco" da responsabilidade que um novo ser precisa.
Assim minha gente, nossos estresses começam lá na infância se prolongando muitas vezes vida a fora. Vamos prestar mais atenção às nossas crianças permitindo que elas sejam crianças com suas fantasias, seus tempos livres, seus descansos necessários e ao mesmo tempo compreendê-las, orientá-las e não mimá-las tanto com vontades que elas criam a partir das cobranças que nós criamos para elas, puxadas pelas cobranças que criamos para nós.
Perdemos nossas crianças dentro de nós e esquecemos como lidar com nossas crianças que estão cá fora.



Vamos pensar?
A MENINA EM MIM…

Dentro de mim há, todos os dias, 
Uma menina muito pequenina
(falo muito a sério, não estou a sonhar!)
Com quem me dou muito bem,
Com quem gosto de brincar.
Não sei o que é vergonha
Por isso nunca dela me envergonho
Mesmo quando é travessa ou faz maldades.
É em mim que a trago, jamais se escondeu
E todos os dias, a todas as horas,
Sou muito mais Ela do que Eu.
As minhas meninas,
As que pus no mundo,
Zangam-se com ela,
Não sabem amá-la
E ela fica triste, chora e vai-se embora
Mas volta a sorrir mal se esqueçam dela…
E eu também sorrio,
Torno a inventá-la,
Dou-lhe dos meus sonhos,
Dou-lhe a minha voz
E enquanto viver não quero perdê-la
Ou desencantá-la!
Se esta simbiose vos não agradar,
Se acharem imprópria esta cumplicidade,
Ó senhores do Bom Senso e do Lugar-Comum,
Vão ter, queiram ou não, de a aceitar…
É ela quem me tece os dias,
Um a um!
Este poema é de Maria João Brito de Souza
Ganhadora do concurso poema em rede. Portugal. 

Quando deixamos nossas crianças serem crianças, elas conservam essa criança dentro delas a vida toda, não de forma infantilizada, mas de forma calma e equilibrada para que nos momentos críticos da vida a docilidade, inocência e habilidade dessa criança reforce a estabilidade física, psicológica e emocional mantendo o adulto íntegro e racional.


Paz e muito amor para todos. Valéria Ribeiro.